quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ARDENTE ESPERA


Categoria: Conto


Magna chega do trabalho cansada, seus olhos tristes percorrem a praia deserta. O céu escuro denuncia uma tempestade que se avizinha. As recordações tomam conta da sua mente... Fora ali, naquela aldeia de pescadores que ela havia sido feliz com Marcos, um jovem sonhador que vivia de pintar os mais variados temas em seus quadros, e viveu também para amá-la loucamente, mas que um dia saíra da vida dela sem nenhuma explicação, sem sequer dizer-lhe um adeus, mas que desde então, ela continuava a esperá-lo, pois algo lhe dizia que ele ainda voltaria.
Os dias dela são sempre iguais, uma rotina tediosa que pouco a pouco envolveu-a numa solidão angustiante, da qual ela só consegue se libertar à noite, quando enlouquecida de desejos deixa-se mergulhar no delírio insano que a envolve por completo.
Nessa noite a chuva que ameaçava desabar cai como uma densa cortina entre ela e o passado. A chuva bate forte contra a vidraça, a trazendo de volta a realidade, inspirando-a para mais um ritual de amor.
Lentamente, diante do espelho Magna começa a se despir, seus olhos entristecidos observa a figura refletida, e nesse momento cenas do passado lhe volta à mente, e como num passe de mágica ela vê Marcos a despindo, peça por pena com a maior lentidão, sempre admirando e amando cada parte do seu corpo.
E foram em muitos desses momentos que eles terminaram fazendo amor debaixo do chuveiro ou então na banheira.
Um tremor percorre todo o seu corpo, ela sabe que não é de frio, , é o desejo fremindo dentro dela, é sempre assim quando ela se lembra dele e dos muitos momentos vividos. Sem pressa se dirige ao banheiro, precisa tomar um banho de imersão para relaxar. Deslizando sensualmente por entre as espumas, ela mais uma vez se pega a ensaiar os ritmos do prazer... Momentos depois, ainda coberta
de espumas, se dirige para o quarto. a cama parece convidá-la pra uma noite de delírios e prazer. 
Envolvida em seus loucos anseios, entorpecida pela embriaguez das suas fantasias eróticas, ela vê o tão esperado acontecer. Ela fica extasiada ante o que está por vir. De repente Marcos surge diante dela, seus olhares se cruzam e o desejo de ambos parece prestes a explodir. E entre sussurros e gemidos ela sente o deslizar lascivo das mãos dele por todo seu corpo, suas entranhas parecem em chamas.
A língua dele descreve um círculo em volta dos seus mamilos j´s entumescidos pelo desejo, quase levando-a a loucura. Marcos parece não compreender a urgência dela em explodir no prazer que ele tão bem sabe lhe induzir. Nesse momento Magna começa a explorar o corpo dele, ela sente que ele também está no auge, prestes a atingir o ápice da comunhão daqueles corpos sedentos de amor.
Magna suplica-lhe que a possua e quando ela se prepara para recebe-lo, desperta daquele delírio e descobre mais uma vez que estivera a sonhar.
E assim tem sido desde aquele dia em que ele partiu deixando-a no mais completo abandono. E ela tem feito de cada dia uma longa espera, de cada noite uma angustiante luta contra o desejo que a invade, vencendo suas forças, deixando-a louca na ânsia de uma entrega total.
Com o rosto banhado em lágrimas ela se levanta, olhando através da janela, vê a chuva que continua a cair e mais uma vez ela se lembra dele, as recordações lhe traz o momento em que se conheceram. Havia sido numa noite como aquela... Chovia muito e a casualidade os pusera frente a frente e como num conto de fadas eles viveram felizes até aquela tarde quando ela voltara para casa e não o encontrar. Ele abandonara até os quadros que ele havia pintado com tanto amor, a pintura era sua grande paixão, talvez por isso ela tinha esperanças que ele ainda iria voltar e tudo voltaria  a ser como antes.
Ela sai da janela... O barulho da chuva parece ferir-lhe a alma, e ela continua a pensar no Marcos e sem se dar conta do que está fazendo, abre a porta e começa a caminhar debaixo da chuva, esquecida que estava completamente nua, envolvida pela bruma.
Sente a água escorrer pelo seu corpo, mas nem assim consegue aplacar um pouco a chama que lhe devora a alma. Continua a caminhar sem rumo. a praia é deserta e os pescadores moram um pouco distante do seu chalé. Porém nesse momento ela percebe um vulto se aproximando, apesar da escuridão ser intensa, na verdade ela mais sente do que vê, e o mesmo já está bem próximo dela e sem querer acreditar, julgando estar sonhando, na certeza de ser mais um momento de desvario, olha pasma para ele.
Sim, ele voltara afinal, ou estaria a delirar mais uma vez? Mas Marcos se aproxima, nada fala, apenas a toca nos ombros e as suas mãos ousadas deslizam por todo o corpo dela. O beijo exigente a faz entregar-se trêmula de paixão. Nada mais há a fazer, nada a perguntar. 
Lentamente ele a deita na areia, esquecidos do temporal, e entre carícia e gemidos ansiosos, ele com a sua língua sedenta, vai deixando um rastro de fogo por todo aquele corpo já tão incendiado pelo desejo. E é com satisfação que ela sente a rigidez dele lhe penetrando e o seu gozo é um grito de liberdade dos seus cindo sentidos que ecoa livremente pelo espaço rasgando o silêncio da noite.

Gábata Almenon

Nenhum comentário: