quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Inaudito Vácuo


Uma árvore que já fora um dia
digna de olhares cobiçosos...
Que floriu em derredor
e a tudo perfumou,
Teve o destino que a maioria tem...
Ofereceu sua sombra, ofertou seus frutos
E hoje agoniza pela traição do tempo.

O inverno que chega, melhora um pouco
a sua aparência,
Já tão gasta, tão sem cor.
Mas aí, vem o verão, e transforma-a
com a intensidade dos seus raios
que a tudo embeleza,
mas que a ela só consegue,
pouco a pouco
exterminar com aquela aparência
que na verdade é só aparência.

Dentro dela há um doloroso vácuo
que o homem lhe presenteou,
em troca do bem que dela desfrutou.
Há um imenso vazio, doloroso e desconhecido
que nem mesmo a sua seiva consegue atingir.

Que foi feito da beleza, da robustez
daquela árvore
que um dia, ao homem se presenteou?
Foi pouco a pouco destruída...
Quando ferida, apenas deixava a seiva escorrer,
quando lhe podavam, sentia a liberdade que
lhe fugia...

Até que um dia, lhe foi dado o direito
a um tronco, já quase sem vida,
sem sentimentos...
Apenas conseguiu ocupar um espaço,
onde ainda há quem dela se lembre,
sem contudo notar
que há muito, esta, se acha morta.
É horrível, simplesmente existir...
Sem mais ter uma sombra pra oferecer
sem um fruto para dar
sem uma gota de vida para escorrer,
se porventura for ferida novamente.

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Assim sou eu... Como esta árvore...

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