terça-feira, 30 de setembro de 2008

Era uma Vez




Categoria: Contos

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Foi há muito tempo... Eu já nem lembro mais quanto tempo faz, mas eu adorava ir para a casa da minha avó, principalmente passar as férias, e sendo eu, a netinha preferida, tudo o que eu desejava fazer, a D. Quentília dava um jeitinho de me satisfazer... e mesmo com o aparecimento de outros netos, nenhum conseguia tirar-lhe o lugar de preferida da vovó.
Todas as noites eu ía em busca de aventuras, sempre acompanhada da minha vó, varando a escuridão da noite, à procura de quem contasse histórias de terror, e sempre deixavam o seu Bio Maroca, o avô dela para trás, elas sempre tomavam um rumo diferente, mas acontecia que as vezes se encontravam por acaso, pelas casas de fazer farinha de mandioca, que havia na região.
Certa vez eu estava com a minha avó na casa de farinha do seu Piló, e por sinal nessa noite estavam zombando de mim, das minhas infrutíferas tentativas de mexer a farinha que estava no forno, com um imenso rodo que em vão suster eu tentava... e foi quando o seu Bio chegou... e aí começaram a contar histórias de terror. Sentada em um canto da casa de farinha e me pondo no colo,eu e a vovó ficamos observando o meu avô que começou a fumau um cigarro enrolado de palha, e se pôs a narrar uma macabra história...
"- Era uma vez... um homem que não acreditava em Deus, e sempre vivia a matar o tempo bebendo e quawndo chegava em casa completamente embriagado, enxotava de casa a mulher e os filhos, sempre amaldiçoando-os.
Aconteceu que um dia, após ter bebido muito, ele voltava para casa, cheio de maldades, e o tempo todo falava assim:
- "Se o diabo permitir, eu hoje vou pro inferno, mas prá minha casa eu não volto mais". E ria-se diabolicamente
do sinistro comentário feito. Continuou caminhando até que percebeu estar sendo seguido por um gigantesco cachorro negro de imensos olhos vermelhos. Sentindo um arrepio de pavor, já que ele nunca havia visto nada igual, o pobre infeliz debandou a correr e ao chegar em casa, bateu desesperadamente na porta, gritando para que a mulher abrisse logo. E fica aliviado quando vê a porta se abrindo. Se arremessa contra a mesma gritando para que ela feche imediatamente.
Como um louco se agarra com a mulher e pede ajuda, ela sem nada entender, fica olhando-o e sente pena dele. Nesse momento a porta começa a ser arranhada, ele olha aterrado para a mulher e diz que o diabo viera buscá-lo. Sem tardança ela pega um crucifixo e começa a orar. Em seguida aponta o o crucifixo para a porta e diz: - Sai da minha porta e volta para as trevas de onde nunca devias ter saído. Na minha casa Deus faz morada e conosco Ele está...
Nisso se ouviu um uivo macabro acompanhado de um silêncio lúgubre, onde até o cachorrinho das crianças silenciara bruscamente após angustiados gemidos.
Um cheiro nauseabundo paira no ar...
E para terem a certeza de que não havia sido um pesadelo, encontraram no dia seginte, bem próximo a cerca do quintal, o cachorrinho com o corpo totalmente dilacerado..."
E foi desde esse dia que eu fiquei com pavor de cachorros... e quando tarde da noite eu e a vovó voltavamos de mais uma noite assombrosa, caminhando por estradas desertas, ou ladeando sítios esquecidos pelas vivas almas àquela hora, e que até mesmo a lua parecia se esconder de medo e o vento gelado trazia sons assustadores de dentro dos sítios. eu ficava apavorada me agarrando fortemente à minha avó, sempre pensando na história diabólica que um dia meu avô contara.

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